Os grandes eventos mundiais e a luta contra a violência sexual

Por: Iolanda Toshie Ide

“O turismo sexual que atinge mulheres, crianças e adolescentes é um problema mundial. E no Brasil este é um problema grave e nossa preocupação é que essa situação tende a se agravar ainda mais no período dos grandes eventos, como aconteceu nas Copas do Mundo da Alemanha e da África do Sul”, acredita a deputada Inês Pandeló, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembléia Legislativa do Rio.

Com o objetivo de debater sobre as políticas a serem desenvolvidas para coibir essa exploração durante os próximos grandes eventos, Pandeló organizou uma audiência pública no Plenário da Assembléia Legislativa do Rio.

Há dificuldades para levantar dados relativos às atividades ilícitas. No entanto, segundo a ONU (2001), o Brasil ocupa o 2º lugar mundial na exploração sexual e o 1º lugar na América Latina. Pandeló informa que, segundo relatório do Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (SINESPJC) da Polícia Militar, houve 1.735 vítimas de tráfico interno de pessoas para fins de exploração sexual, entre 2006 e 2011. Certamente a realidade é muito mais ampla.

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A sociedade patriarcal naturaliza essa exploração apresentando-a como fatal: interessa-lhe a continuidade do status quo. Construída histórica e socialmente apoiada sobre relações de gênero assimétricas e hierárquicas, a prostituição é a face mais aguda do machismo.

Durante séculos, a violência sexual na infância e adolescência foi propositadamente invisibilizada para que ocorresse impunemente. O duplo padrão moral (masculino e feminino), condenou ao inferno as meninas violentadas: roubou-lhes a chance de uma vida fora da prostituição.

Com o advento do sistema capitalista, o corpo (das mulheres, crianças e adolescentes) passa a ser tratado apenas como propriedade: pelo lucro, pode ser vendido ou comprado impunemente.

Que o 18 de maio, Dia Nacional contra a Violência Sexual, não seja apenas um dia a ser lembrado, mas que impulsione uma acirrada luta pela superação da violência sexual contra crianças, adolescentes e também adultas.

*Iolanda Toshie Ide é militante da Marcha Mundial das Mulheres da cidade de Lins (São Paulo).

Comments

  1. Maria de Lourdes says:

    Bom,isso é fruto de uma sociedade de mulheres machistas.nós mesmas defendemos a exploração sexual como “liberdade”,cansei de ver feministas querendo legalização deste crime hediondo (vide comentários em outros textos que tratam do assunto),então,não me surpreende esses dados…o mais importante para o feminismo brasileira é não perturbar a paz dos pobres machinhos ao invés de lutar pesado por nossos direitos humanos….enquanto isso não for encarado e combatido,continuaremos com essa situação.

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