Fazer de cada lágrima um motivo de luta

Por Fabiana Oliveira*

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Uma menina foi estuprada por 30 homens. Foi filmada com a vagina sangrando e homens rindo ao fundo. O vídeo foi favoritado por mais de 500 pessoas no twitter de um dos estupradores. Ela estava completamente dopada. Dopada e violentada por 30 homens diferentes.

Os comentários dizem muito sobre a cultura do estupro. “Que doentes”, “que animais”. Eles não estavam doentes e não são animais. São homens, relativamente saudáveis psicologicamente, que vivem em uma sociedade onde as relações entre homens e mulheres são pautadas por poder e submissão. Onde o território das mulheres, que incluem seus corpos, é sistematicamente desrespeitado e invadido. Que a violência atinge a todos e todas, isso é bem verdade.

Convite pra intervenção urbana sobre Globo/estupro no BBBO capitalismo não poupa ninguém, mas homens andam pelas ruas com medo de terem seus celulares roubados, carros e afins. Mulheres preocupam-se, além disso, com seus corpos e suas vidas. Com os corpos e vidas de suas amigas, suas mães, tias, companheiras.

Uma vez,num dia difícil, disse a uma amiga que o mais difícil pra mim, é que a gente já nasce morta. Soa hiperbólico, eu sei, mas é real para nós. Porque se vida tem a ver com liberdade sobre os nossos corpos. Se vida tem a ver com liberdade de escolhas, se vida tem a ver com autonomia, nós morremos no primeiro choro. E morremos um pouco todo dia, quando as nossas são violentadas e apagadas. Um pouco do exercício diário tem a ver com renascer. Fazer de cada lágrima que se sucedeu um justo motivo para as nossas lutas! Em frente!

*Fabiana Oliveira é militante da Marcha Mundial das Mulheres de Campinas-SP. 

Comments

  1. Gostaria de traduzir o artigo em ingles, porque o acho muito bem escrito. Seria possivel ter a permissao da autora, Fabiana Oliveira?

  2. Iolanda Toshie Ide says:

    Texto estupendo. Curto e grosso, desnudando as armadilhas do patriarcado.
    Façamos de cada lágrima um motivo de luta!

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  1. […] Artigo originalmente publicado no blog. […]

  2. […] Publicado originalmente no Blog da Marcha Mundial de Mulheres. […]

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