Feminismo Ecológico

May Alves*

“O Feminismo Ecológico é um feminismo que pretente unificar as demandas do movimento das mulheres com aqueles do movimento ecológico, de maneira a alcançar um mundo e uma visão de mundo que não seja baseada em estruturas sócio-econômicas e conceituais de dominação”. (DI CIOMMO, R.C. Ecofeminismo e Educação Ambiental. São Paulo, 1999)

As religiões ancestrais visualizavam o universo como uma grande mãe, as grandes Deusas representavam a Mãe Terra. A capacidade de conceber uma nova vida humana, dar a luz, produzir leite e sangrar com as fases da lua, inspirava temor e reverência. O surgimento da vida era atribuído ao corpo feminino e por isso as Deusas eram cultuadas, eram tempos matriarcais.

Quando os homens perceberam seu papel na fecundação, deu-se início ao culto do Deus fálico, assim começa a transição do matriarcado para o patriarcado, dentro de uma vertente teórica que, analisando especificamente os movimentos das diferentes religiões ao longo da história e não, necessariamente, os movimentos paralelos das estruturas econômicos, sociais e culturais, analisa a transição entre uma sociedade centrada na figura feminina a uma sociedade que progressivamente vai se construindo em torno de representações masculinas. A partir dessa análise, a opressão das mulheres e da natureza estão fundamentalmente ligadas nesta nova organização comunitária centrada na figura masculina, pois são vistas como “coisa útil”, que devem ser submetidas às supostas necessidades humanas, seja como objeto de consumo, como meio de produção ou de exploração.

O capitalismo patriarcal apresenta uma intolerância diante de outras espécies, seres humanos ou culturas que julgam ser subalternas ao seu poder, buscando sempre a dominação. As construções sociais que historicamente delimitam modelos sobre o “ser homem” e “ser mulher” no mundo aproximam “ética feminina” da proteção dos seres vivos, que se opõe a uma postura agressiva masculina. Tanto a solução da crise ambiental, quanto a da opressão das mulheres, não devem ser tratadas como problemas isolados. A salvação da vida no planeta e a emancipação – não só das mulheres como de todos os seres humanos – dependem de uma mudança estrutural e organizacional da sociedade. O ecofeminismo representa uma mudança de paradigma na condição da vida de dominação das mulheres e da natureza, uma vez que possuem como objeto a criação de uma comunidade interligada e sem o patriarcado ou outras formas de hierarquia.

May Alves é militante da Marcha Mundial das Mulheres SP.

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