Feminismo 2.0: a contribuição do ciberativismo para o movimento de mulheres e a importância do Marco Civil da Internet

Por: Clareana Cunha*


As novas tecnologias da informação (TICS) vêm tomando espaços significativos na articulação e mobilização dos movimentos sociais no Brasil. Embora sejamos “ novos” no quesito tecnologia, sabemos muito bem nos apropriar das mesmas quando nos é apresentadas.

As TICs representam uma alternativa aos meios de comunicação de massa tradicionais e viabilizam uma forma de ativismo pela internet, também chamada de ativismo digital, que usa a internet para divulgar causas, fazer reivindicações e organizar mobilizações, também chamada de Ciberativismo.

O Ciberativismo tem se mostrado como uma das mais novas, importantes e dinâmicas ferramentas de mobilização do novo século, realizando o conceito do it yourself (faça você mesmo/a). A internet desenvolveu um meio de comunicação de difícil controle, através da qual a militância divulga suas propagandas ideológicas e políticas.

Na internet, movimentos de mulheres transformam blogs e sites em fóruns de discussão sobre os direitos e desafios da mulher. Neste contexto, é visível o auxilio da internet na mobilização do movimento feminista. Ações da MMM (Marcha Mundial da Mulheres) já utilizam a internet como meio eficaz de mobilização, produção de conhecimento, organização de reuniões e troca de experiências. Sem a internet e a interatividade democrática que ela permite, seriam muito mais difíceis as nossa reflexões acerca da sociedade, as ações de repúdio e as mobilizações que têm tomado cada vez mais amplitude, como A Marcha das Vadias e a Marcha das Margaridas. Nessas mobilizações, a internet tem papel fundamental.

A internet auxilia no combate ao machismo da mídia, explicitada em propagandas de televisão, sites e programas. Nada passa batido, pois vários blogs e páginas feministas produzem e propagam um “contra-conteúdo”, ou um contraponto fundamental às ações machistas dos velhos conteúdos  midiáticos. Toda essa movimentação só é possível a partir da internet como um espaço livre de ideias, contudo, esse espaço está ameaçado no Brasil.

Desde 2008, transita no congresso uma lei de nome Azeredo, depois substuída pela tal lei “Carolina Dieckmann”,  que tipifica os crimes na internet. Até aí, sem problemas…. só que não. Essa lei não leva em consideração vários fatores, como a neutralidade de rede e, principalmente, a liberdade do internauta na produção e distribuição de conteúdos. “Oras, não posso ter meu direito de  ver, ouvir  e produzir cerceado por uma empresa de telefonia ou por qualquer um que seja?”. Ainda assim a bela lei foi aprovada na Assembléia e, se não me engano, no senado.

Em contraponto a essa lei, criou-se o Marco Civil da Internet PL 2126/2011, uma espécie de estatuto que garante direitos e deveres do internauta, moldado através de várias audiências públicas, garantindo assim a participação cidadã. Um acordo que garantia que nenhuma lei, como a Lei Carolina Dieckmann, fosse votada antes do Marco Civil da Internet foi desrespeitado, já que a a lei que tipifica os cibercrimes foi aprovada.

E por que isso é uma luta feminista?

Precisamos de uma politica que, antes de estabelecer criminalização e punições, garanta direitos às pessoas, possibilitando o anonimato e, assim, fazendo com que as informações circulem sem risco para quem às difunde.

Para  que,  por exemplo, um provedor não tire nossos sites do ar sem autorização judicial, e que a privacidade dos usuários seja respeitada e, assim, as mulheres possam ter uma vida online sem o risco de serem localizadas e repreendidas judicial ou socialmente quando se posicionam a cerca de determinados assuntos.

Precisamos que nossos conteúdos não sofram com a falta de neutralidade na rede, ou seja, que os provedores não possam restringir a velocidade ou tráfego de determinados conteúdos, formatos ou plataformas.

O ativismo pela internet é de extrema valia para os movimentos de mulheres, e precisamos nos posicionar de modo a defender essa importante ferramenta.

Por isso não podemos deixar  de participar dessa mobilização.

Sites que falam um pouco mais sobre o assunto:

http://marcocivil.com.br/

http://edemocracia.camara.gov.br/web/marco-civil-da-internet

http://www.idec.org.br/mobilize-se/campanhas/marcocivil

Bibliografia e imagens:

http://www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=1231164&tit=Feminismo-em-versao-20

https://marchamulheres.wordpress.com/

http://blogueirasfeministas.com/

http://www.idec.org.br/mobilize-se/campanhas/marcocivil

 

*Clareana Cunha é estudante de Ciências Sociais ( FESPSP-Fundacão Escola de Sociologia e Politica de São Paulo) e Militante da Marcha Mundial das Mulheres.

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